Pesquisadores afirmam que regulação normal da glicose depende da relacao entre sistema do cérebro e as ilhotas do pâncreas
Uma revisão de estudo
realizada em três universidades americanas e uma alemã, reafirma a tese
de que o cérebro desempenha um papel-chave na regulação da glicose e no
desenvolvimento do diabetes tipo 2.
Equipes
das Universidades de Washington, Cincinnati e Michigan, e a
Universidade Técnica de Munique, na Alemanha, apresentaram evidências de
que um sistema centralizado no cérebro pode reduzir o açúcar no sangue,
ou glicose através da insulina e de mecanismos que não usam insulina.
Eles
propõem que a regulação normal da glicose depende de "interações
altamente coordenadas" entre esse sistema do cérebro e as ilhotas
produtoras de insulina no pâncreas.
Se
esta concepção estiver correta, poderia dar início a novas abordagens
para prevenir e tratar a diabetes tipo 2, talvez até mesmo revertê-la,
dizem os pesquisadores.
A
diabetes tipo 2 desenvolve-se quando o corpo não produz suficiente
insulina ou as células do organismo que não reagem à insulina (conhecido
como resistência à insulina), levando os níveis de açúcar no sangue se
tornarem muito elevados (hiperglicemia).
Regulação normal da glicose depende de "interações altamente coordenadas" entre sistema do cérebro e as ilhotas produtoras de insulina no pâncreas |
Neste
estudo, os pesquisadores observaram que cerca de um século atrás, os
cientistas acreditavam que o cérebro desempenhava um papel importante em
manter a glicose sob controle. Mas, desde a descoberta da insulina, em
1920, quase todos os tratamentos para a diabetes são concebidas no
sentido de aumentar a insulina ou aumentar a sensibilidade do organismo
aos hormônios de regulação da glicose.
O
novo enfoque sugere que a regulação normal de glicose depende de uma
parceria entre as células produtoras de insulina (células das ilhotas)
do pâncreas e circuitos-chave do hipotálamo, além de outras áreas do
cérebro.
Os
autores argumentam que a diabetes do tipo 2 é o resultado de uma falha
tanto do sistema de células do pâncreas como deste sistema centralizado
no cérebro. Estudos com animais e humanos mostram que sistema de
regulação do cérebro tem um poderoso efeito sobre os níveis de açúcar no
sangue independentes da insulina.
Este
mecanismo cerebral usa um processo chamado de "eficácia de glicose"
para promover a absorção de glicose nos tecidos. Este processo é
responsável por quase metade do consumo normal da glicose.
O
modelo proposto agora usa os dois sistemas. As ilhotas pancreáticas
reagem ao aumento de glicose no sangue pela liberação de insulina, ao
mesmo tempo que o sistema cerebral aumenta o metabolismo da glicose
insulino-dependente.
De
acordo com a investigação, o sistema cerebral tem maior probabilidade
falhar, pressionando o sistema do pâncreas, que pode compensar a falha
do outro sistema por algum tempo, mas acaba perdendo sua capacidade de
manter os níveis adequados, causando ainda mais descompensação no
sistema cerebral. O resultado é um ciclo vicioso de deterioração que
termina no diabetes tipo 2.